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segunda-feira, 4 de julho de 2011

Análise do comportamento apaixonado nas cartas de Simão e Teresa, em Amor de Perdição, de Camilo Castelo Branco



Por Cássio José
Graduando em Letras – Português pela UFC 



Por isso, é a morte, eu amo-te e não
                                                                                     temo.
Por isso, é a morte, eu quero-te comigo.
Leva-me à região da paz horrenda,
Leva-me ao nada, leva-me contigo. ”

Junqueira Freire.



Daqui a pouco, perderás da vista este mosteiro; correrás milhares de léguas, e não acharás, em parte alguma do mundo, voz humana que te diga: - A infeliz espera-te noutro mundo, e pede ao Senhor que te resgate.
             [...]
            Que importa morrer, se não podemos jamais ter nesta vida a nossa esperança de há três anos?! Poderias tu com a desesperança e com a vida, Simão? Eu não podia. Os instantes do dormir eram os escassos benefícios que Deus me conceda; a morte é mais que uma necessidade, é uma misericórdia divina, uma bem-aventurança para mim.   

 [BRANCO, Castelo Camilo. Amor de perdição. São Paulo, Scipione, 1994]


Os trechos de ambos os textos citados acima demonstram desejo pela morte. Um almejo extremamente exagerada por ela como solução ou saída (geralmente certa fuga!) dos problemas amorosos {a morte é mais que uma necessidade, é uma misericórdia divina, uma bem-aventurança para mim}.   

Esta foi uma estratégia usada pelos escritores de literatura na escola literária denominada Romantismo. Usamos esse termo não para denominar um sentimentalismo amoroso dos seres humanos ou algo próximo disso; mas antes, como estética literária comumente vista nessa corrente literária portuguesa em meados do século XIX.

A Obra Amor de Perdição de Camilo Castelo Branco é um exemplo claro disso. Este, considerado o principal representante do ultrarromantismo português, teve uma vida conturbada: a orfandade na infância, o breve casamento na adolescência, o curso de Medicina abandonado em favor da boemia um longo relacionamento adúltero que acabou levando-o à prisão (onde, interno por pouco mais de um ano, produziu o consagrado romance Amor de Perdição). Várias relações amorosas e escândalos o marcaram.

A vida de Camilo, tão dramática, tão cheia de episódios excepcionais, poderia ser confundida com uma de suas histórias que ele escreveu.    

Este livro, escrito nas estadas de Camilo na prisão, atinge o maior grau de dramaticidade entre as novelas passionais do escritor. Traz consigo as características próprias do Romantismo, sobretudo na segunda geração romântica portuguesa, a ideia positiva da morte e o individualismo ou egocentrismo.

A idealização do amor, como sentimento essencial, mola poderosa da vida e idealização da mulher, esta é vista como uma deusa, cultuada, tem-se o valor e preservação da virgindade, encontra-se nos trâmites desse romance. 

Trazendo um enredo entre Simão Botelho e Teresa Albuquerque, duas almas extremamente apaixonadas, Amor de perdição, de Camilo, é uma verdadeira cópia portuguesa de Romeu e Julieta, de William Shakespeare, tendo um fim trágico: a morte de ambos os apaixonados. Suas famílias são rivais e procuram impedir-lhes de desfrutar desse amor, fazendo de tudo para que eles se separem.

O que nos chama a atenção no romance são os escritos de cartas de ambos os personagens, uma maneira de romper os limites das dificuldades amorosas e lutar até a morte pelo amor sonhado, muito embora fantasiando o invisível ou almejando o impossível.

Segundo a literatura, “falar de Romantismo, é falar do movimento literário que instaura pela primeira vez uma subjetividade extrema, até então jamais vista em toda a arte ocidental”. É o que vemos em Amor de perdição.

AS CARTAS

Observemos o seguinte trecho da primeira carta trocada entre os dois amorosos:

“Meus pai diz que me vai encerrar num convento por tua causa. Sofrerei tudo por amor de ti. Não me esqueças tu, e achar-me-ás no convento ou no Céu, sempre tua do coração, e sempre leal. Parte para Coimbra. Lá Irã dar as minhas cartas; e na primeira te darei em que nome hás de responder à tua pobre Tereza”.  

Observa-se no trecho da carta acima uma promessa de fidelidade acima de tudo. Mesmo que seja de uma maneira sofredora e à distância, passando pela solidão, sofrimento e renúncia, e até mesmo estando em viva ou morta (convento, céu), sonha-se com um amor inseparável, perfeito e imaculado.  

Poderemos dizer que as cartas cumprem as funções seguintes:
  Servir de elo entre os dois amorosos;
  Informar o destinatário sobre os acontecimentos;
  Comunicar decisões tomadas;
  Persuadir o destinatário a adotar determinadas atitudes;
  Autojustificar os atos do destinador;
  Exprimir sentimentos.

Vamos apresentar a localização e a síntese do conteúdo de cada carta para que percebamos sua situação dentro da economia da narrativa. Não deverá também deixar de distinguir os recursos que fazem da prosa das cartas prosa poética, em contraste com a prosa narrativa.

Vejamos a análise das cartas trocadas entre Tereza e Simão para a nossa reflexão:

 1.ª carta: comunicação da hipótese de Teresa vir a ser encerrada no convento; promessa de fidelidade.

2.ª carta: informação de que Teresa já sabe o que se passou com os criados de Baltasar (emboscada); pedido de confiança nela.
3.ª carta: relata a sua entrada no convento, mostra-se firme e faz um apelo ao amor de Simão.
4.ª carta: apelo à fidelidade do amor e à fuga do convento.
5.ª carta: pede a Simão que vá para Coimbra e desabafa sobre a corrupção que reina no convento.
6.ª carta: pede a Simão que não vá para Coimbra, com receio de ser transferida para outro convento mais rigoroso.  
7.ª carta: escreve esta carta como se fosse à última da sua vida, comunica o desejo de matar Baltasar e despede-se de Teresa.
8.ª carta: informa que está à par dos acontecimentos, fala da morte como o fim terreno mas também como a possibilidade de se encontrarem no Céu.
9.ª carta: Simão informa Teresa de que há possibilidade de salvação, pois não vai ser enforcado. Alude ao destino que os une e pede-lhe para não morrer.
10.ª carta: monólogo em que Simão se auto-analisa. Aumenta a qualidade da prosa poética.
11.ª carta: Teresa pede a Simão que aceite os dez anos de cadeia.

12.ª carta: Simão informa Teresa de que aceita o degredo.
13.ª carta: Teresa informa Simão de que vai morrer e pede-lhe perdão. Despede- se dele até ao Céu.
14.ª carta: escrita nos últimos momentos da vida, Teresa recorda os projetos passados. Alude ao fatal destino e confessa que já o vê no Céu.

A distância que sempre separou Simão e Teresa levou à invenção de uma forma de comunicação entre os dois, essas cartas. O narrador resolveu o problema, mas aproveitou esta presença para lhes conferir funções diversas. E aí está como um registro discursivo pode alcançar relevância funcional. As cartas são de extensão diferente, não são regulares e o seu discurso não é sempre do mesmo tom.
            
              Elas demonstram através da escrita um sentimento próprio do Romantismo,
usado pelos personagens da Obra aqui referenciada no decorrer do enredo literário. Nada mais é do que os registros do que os corações de ambos querem para as suas vidas. Um amor que ultrapassa sofrimentos e usa a renúncia como arma poderosa para fortalecer os desejos mais ardentes do coração humano: o amor. Uma luta contra si mesmo e contras as atrocidades externas para conservar o mais puro desejo da alma, muito embora haja obstáculos sentimentais. 

            É interessante destacar aqui também, que encontramos nesse romance um exemplo de um verdadeiro grito literário que rompeu com a maneira de pensar e escrever dos estilos literários existentes da época.   



Referências

ABAURRE, Maria Luiza; PONTARA, Marcela Nogueira; FADEL, Tatiana. Português: Língua, Literatura e Produção de texto. São Paulo: Moderna, 2004.

CAMPEDELLI, Samira Yousseff; SOUZA, Jésus Barbosa. Literaturas brasileira e portuguesa: teoria e texto. São Paulo: Saraiva, 2000.

PELACHIN, Márcia Maisa; PEREIRA, Helena Bonito. Português: na trama do texto. São Paulo: FTD, 2004.

Internet:

O que é a Adolescência?

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 Por prof. Cássio Jose

Início de Conversa:

Parece não haver um conceito homogêneo acerca do que é ou venha a significar adolescência. Esta constatação parte, inicialmente, da pesquisa de seu significado em alguns dicionários da Língua Portuguesa. Assim, foi proposta a sua análise conceitual pegando como instrumentos de estudo os quatro seguintes minidicionários do nosso idioma: Rideel, Kids, Sacconi e Houaiss. Observemos então:

1. Anásile do conceito em quatro Dicionários:

O primeiro afirma que adolescência significa “Juventude; idade que vai dos 12 aos 18 anos”. O segundo já afirma: “é uma idade entre os 14 e 20 anos nos rapazes e 12 a 18, nas moças, aproximadamente”. Com esses dois conceitos em ambos os primeiros minidicionários podemos fazer algumas observações:

Percebe-se, só nesses dois primeiros dicionários, certa diferença de conceitos, no entanto, a partir de um mesmo princípio: a faixa de idade! Um, conceitua, de maneira generalizada: idade que vai dos 12 aos 18 anos. (Pergunta-se então: em quê consiste essa idade? A partir de quais fundamentos ou pressupostos se determina esse conceito?) Observamos, então, que é um conceito fechado e sem tanto esclarecimento. O outro já conceitua fundamentando e incluindo como padrão a classificação de sexos: Para o masculino a adolescência está dentre 14 a 20 anos enquanto o feminino está dentre os 12 a 18 anos. Agora observemos o que afirmam os dois últimos: O terceiro dicionário, o Sacconi, assim afirma: “1. Período de desenvolvimento físico e psicológico que se estende do início da puberdade à maturidade (dos 12 aos 20 anos); 2. Período de transição de desenvolvimento entre a juventude e a maturidade”. O minidicionário Houaiss já se expressa da seguinte maneira o conceito do termo adolescência: “Período da vida humana entre a infância e a idade adulta”.
 
O que percebemos é que os dicionários da Língua Portuguesa, subsídios muito usados no meio educacional, divergem entre si ou, no mínimo, não trazem um conceito harmônico, ao que julgamos. Não queremos levantar a hipótese de que dentre os dicionários deve haver um significado homogêneo. Não! Longe disso. Mas antes, um conceito claro e objetivo. 

É evidente, contudo, que não é somente a faixa de idade que vai determinar o tempo da adolescência, uma vez que o físico e o psicológico devem ser analisados com o tempo e a época vivenciada, enquadrando-os também com situações sexo-afetivo e biológicas. É um assunto complexo e polêmico. Certamente muitos adolescentes têm uma vida adulta, muito embora contendo 12, 13, 14 anos em diante. Bem como muitos adultos têm mentalidade de adolescente o que há, claro, muitos fatores para tal acontecimento.

Entretanto, é importante que o conceito esteja dentro dos padrões daqueles que são estudiosos em adolescência ou postulantes da Psicologia da Adolescência. 

2. Psiocologia e estudiosos:

Segundo Sidney A. Manning, a adolescência é uma “faze de transformação física e intelectual e o de assinalar o fim da infância”. Época de conflitos e indecisões fazendo com que “não se saiba o que realmente se é” (Papalia e Olds: 1981).

Adolescente significa, derivado do latim, crescer para a maturidade. Como já foi afirmado aqui, muito mais do que está enquadrada na faixa de idade, ela é um período de muitas transformações fisiológicas e amadurecem as funções produtivas e os órgãos genitais. Mas isso não é puberdade? Alguns estudiosos já definem como pubescência.

Sidney afirma que a adolescência é o período de vida em que a pessoa está “dando um adeus” à sua infância. Mas surge outro questionamento: O que é a infância? O conceito sempre existiu ou é algo mais recente?

O americano Howard Chudacoff, professor de história, estudou o hábito de brincar das crianças nos últimos 500 anos. O estudo está registrado no seu livro “Crianças brincando: uma história americana”, sem tradução em português. O estudioso afirma que o conceito de infância surgiu depois da industrialização, um período especial da vida, isolado, protegido dos perigos e das responsabilidades da idade adulta, um tempo para a educação e a da diversão.

Parece que não há adolescência dentro dos parâmetros de Howard Chudacoff. O fato é que durante muito tempo havia apenas dois mundos: o das crianças e o dos adultos. Ou se era este ou aquele.

Considerações finais:

O que podemos concluir é que cada sociedade tem suas próprias regras para classificar seus indivíduos nessa emigração do mundo da criança para o mundo adulto. O tempo e a história com suas transformações ético-culturais e sociais dizem muito a respeito da lapidação do ser humano de cada era. O que ocorre é o conflito que surge da busca de identidade nas várias fases da vida.  


domingo, 3 de julho de 2011

Teste seus conhecimentos com a provinha


para receber o gabarito comunicar-se pelo email: cassiouab@hotmail.com


Texto 1 para as questões de 1 a 10:

 O menino que mentia
Um pastor costumava levar seu rebanho para fora da aldeia. Um dia resolveu pregar uma peça nos vizinhos.
Um lobo! Um lobo! Socorro! Ele vai comer minhas ovelhas! Os vizinhos largaram o trabalho e saíram correndo para o campo para socorrer o menino. Mas encontraram-no às gargalhadas. Não havia lobo nenhum.
Ainda outra vez ele fez a mesma brincadeira e todos vieram ajudar; e ele caçoou de todos.
Mas um dia o lobo apareceu de fato e começou a atacar as ovelhas. Morrendo de medo, o menino saiu correndo.
Um lobo! Um lobo! Socorro!
Os vizinhos ouviram, mas acharam que era caçoada. Ninguém socorreu e o pastor perdeu todo o rebanho.

Ninguém acredita quando o mentiroso fala a verdade.
BENNETT, William J. O livro das virtudes para crianças. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.



01.) O texto tem a finalidade de:

(A) dar uma informação.
(B) fazer uma propaganda.
(C) registrar um acontecimento.
(D) transmitir um ensinamento.

02.) No final da história, pode-se entender que:

(A) as ovelhas fugiram do pastor.
(B) os vizinhos assustaram o rebanho.
(C) o lobo comeu todo o rebanho.
(D) o jovem pastor pediu socorro.

03.) Um pastor costumava levar seu rebanho para fora da aldeia. O verbo da frase é:
(A) um pastor.
(B) seu rebanho.
(C) levar.
(D) aldeia.


04.) “um pastor” é:

(A) o sujeito da oração.
(B) o verbo da oração.
(C) o predicado da oração.
(D) N.R.A.

05.) As expressões pastor, levar e aldeia são respectivamente:

(A) substantivo, adjetivo e verbo.
(B) substantivo, verbo e adjetivo.
(C) verbo, substantivo e substantivo.
(D) substantivo, verbo e substantivo.

06.) Retire 4 (quatro) verbos do texto:
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________________________________________
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07.) Retire 6 (seis) substantivos do texto:
________________________________________
________________________________________
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08) Morrendo de medo, o menino saiu correndo. O sujeito desta sentença é:

(A) morrendo de medo, o menino.
(B) saiu correndo.
(C) o menino.
(D) morrendo de medo.

09) ele fez a mesma brincadeira. O predicado desta oração é:

(A) ele fez.
(B) ele.
(C) a mesma brincadeira.
(D) fez a mesma brincadeira.

10.) “Um lobo! Um lobo! Socorro!” a expressão em destaque que se repete é :

(A) substantivo.
(B) verbo.
(C) adjetivo.
(D) nem substantivo e nem verbo.


Retire da frase “Eu já sei”:

11.) O sujeito:

_______________________________
12.) O predicado:

_______________________________

13.) podemos dizer que DISCUTIR é:

(A) verbo.
(B) substantivo.
(C) adjetivo.
(D) pronome.

14.) Na palavra MESSIAS nós temos:

(A) 6 letras e 5 fonemas.
(B) 7 letras e 6 fonemas.
(C) 7 letras e 7 fonemas.
(D) 8 letras e 4 fonemas.

15.) Na palavra FILHO temos:

(A) 5 fonemas. 
(B) 4 fonemas.
(C) 3 fonemas.
(D) 2 fonemas.

16.) FALAR e COMEÇAR são:

(A) 2 substantivos .
(B) 1 substantivo e 1 verbo.
(C) 2 verbos.
(D) 2 adjetivos.

sábado, 2 de julho de 2011

Por ser contra a legalização do aborto, maconha e outros temas, Marina Silva irá sair do PV e pode criar próprio partido

Por ser contra a legalização do aborto, 
maconha e outros temas, Marina Silva irá sair do PV e pode criar próprio
 partido
Em nome da utopia, Marina fez uma escolha pragmática. Convidada a ser candidata à Presidência, aceitou filiar-se ao Partido Verde, o PV, uma pequena legenda identificada não apenas com a agenda ambientalista – mas também com propostas liberais, como a legalização da maconha e do aborto. Marina, que se convertera à religião evangélica em 1997, ignorou as latentes tensões entre suas convicções religiosas e as posições liberais da plataforma verde. Apesar do bom desempenho na campanha presidencial do ano passado, não deu certo. Dois anos e 19,5 milhões de votos depois, Marina decidiu: deixará o PV. O anúncio ocorrerá nesta semana.
A união entre Marina e o PV começou com promessas e terminou em desilusões. Desilusões produzidas, sobretudo, ao sabor das inevitáveis divergências de uma campanha eleitoral. Marina e o PV, especialmente por meio de seu presidente, José Luiz Penna, discordaram em quase tudo nas eleições. Aos poucos, sua campanha separou-se da estrutura do partido. Os problemas começaram na arrecadação de dinheiro. O vice da chapa, o empresário e fundador da Natura, Guilherme Leal, centralizou os trabalhos de coleta de recursos. Os tradicionais arrecadadores do PV se incomodaram com a resistência de Leal aos métodos tradicionais – e heterodoxos – de financiamento de campanhas no Brasil, do qual o partido nunca foi exceção. Um dos dirigentes do PV conta como anedota o dia em que Marina mandou devolver uma mala de dinheiro “não contabilizado”, em linguajar delubiano, ao empresário paulista que o havia enviado.
O segundo ponto de atrito entre Marina e o PV deu-se em razão da entrada de líderes evangélicos na organização política da campanha. Pastores da Assembleia de Deus, igreja de Marina, influenciavam decisivamente na elaboração da agenda da candidata. A força deles no comando da campanha não casava com o perfil histórico do PV. Se em sua plataforma e em seu discurso o PV era favorável à legalização da maconha, do aborto e do casamento gay, era uma clara incoerência que sua candidata à Presidência se colocasse contra essas posições. O PV temia perder o eleitorado urbano, moderno, descolado. As lideranças evangélicas argumentavam que isso não seria um problema e prometiam trazer 40 milhões de votos para a candidata, caso a campanha se voltasse aos eleitores evangélicos.
Marina quer criar um partido para concorrer novamente à Presidência nas eleições de 2014
Era tão difícil conciliar a dualidade entre os evangélicos de Marina e os liberais do PV que, até o meio da campanha, Marina cumpria duas agendas: uma política, com as tradicionais visitas a prefeitos e comícios, e outra religiosa, que incluía reuniões em igrejas com pastores. Marina sofria pressão dos evangélicos para que não visitasse terreiros de umbanda e candomblé. Na pré-campanha, ela aquiesceu. Em seguida, porém, a candidata foi convencida a gastar menos tempo com os eventos religiosos – e mais em busca de votos.
Ao longo da campanha, Marina não abdicou dos jejuns religiosos que costuma fazer pelo menos uma vez por mês. Alguns próceres do PV consideram os jejuns uma irresponsabilidade de Marina, em função de sua instável saúde – ainda jovem, ela foi contaminada por metais pesados e acometida por graves doenças, como malária e hepatite. Em entrevista a ÉPOCA, há um mês, ela se irritou diante de uma pergunta sobre esse tipo de crítica. “A minha vida espiritual é assim desde que me entendo por gente. Se um critério para ser do PV é abandonar minha vida espiritual, então já sei pelo que vou optar. Vivo a minha fé e visitar igrejas faz parte da minha fé. Sou missionária da Assembleia de Deus”, disse Marina.
O terceiro motivo para o desgaste entre Marina e o PV foi político. Apesar de ter rompido com o PT, Marina mantém uma relação ambígua com o ex-presidente Lula. Suas recusas em criticar Lula publicamente durante a campanha provocaram estremecimentos entre a candidata e Guilherme Leal. Leal é simpático ao PSDB e doou dinheiro para a campanha do tucano Geraldo Alckmin à Presidência, em 2006. Por outro lado, Marina contrariou aliados ex-petistas quando decidiu não usar uma campanha em vídeo preparado por seu marqueteiro cujo slogan era “Marina, a verdadeira sucessora de Lula”. “A campanha era maravilhosa, impactante, contava a trajetória de vida dos dois, a proximidade deles”, diz um aliado. Marina mantém sua decisão: “Acho pretensioso, poderia parecer pretensioso (o vídeo). Eu tenho muita consciência do meu tamanho”.
O resultado da eleição confirmou que Marina é, ao menos em votos, a maior terceira via que o país já teve desde a redemocratização. Confirmou, também, que não havia lugar para Marina no PV – e no PV para Marina. “Não houve nenhuma sinalização do PV de que os compromissos com ela serão cumpridos, então não há condições de que ela permaneça filiada”, afirma João Paulo Capobianco, coordenador da campanha de Marina. Ele a acompanhará na desfiliação nesta semana, ao lado de outras lideranças do PV. A saída do partido não significa que Marina desistiu do sonho de ser presidente. Ela pretende criar um partido para se candidatar novamente, em 2014.
Fonte: Época

O caldeamento cultural refletido na literatura de Cabo Verde (LALP)




Ao transcurso dos séculos, a sociedade em Cabo Verde se fez mestiça, étnica e culturalmente, devendo ser encarada de forma especial ao estudarmos sua posição e a da sua literatura no contexto africano. Mesmo com o posicionamento assumido pelos claridosos (como ficaram conhecidos os integrantes de Claridade), não se pode desconhecer que em Cabo Verde continuou a ocorrer um caldeamento dos valores africanos com os europeus, havendo ali um caso especial de singularidade e surpreendente fraternidade rácica.
Em Cabo Verde, o sentimento de cor é bastante diluído e este fato social se manifesta nas páginas da moderna literatura, na qual as personagens não se distinguem pela cor da pele. Por isso, Manuel Ferreira observa categoricamente: “Falar, por exemplo, de negritude (ainda quando esta palavra não havia sofrido um certo desgaste), em relação à literatura de Cabo Verde não tem sentido. A designação semântica ajustada é a de cabo-verdianidade.

De tal fato são pontuações inequívocas não só a citada revista Claridade, como a que se lhe seguiu em 1944 em 1944, Certeza, com a direta influência do neo-realismo português, o Suplemento Cultural (1958), ou, inclusive, o boletim oficial Cabo Verde (1949-1965), no que ele possui de mais real e digno (e no campo da literatura é bastante), dado que nele colaboraram quase todos os escritores caboverdianos.

Na verdade, tudo quanto seja poesia ou ficção na moderna literatura cabo-verdiana vive de nexos culturais específicos.” [FERREIRA. BLAEP, p.126].

Uma das virtudes deste texto está em que a quase totalidade das personagens manipuladas são africanas (negros, mestiços, mulatos). E o espaço é o da escravidão, abrindo-se-nos à compreensão de um mundo longínquo no tempo, permitindo uma perspectiva diacrônica de largo alcance. Assim, e em termos de escrita, ficamos a saber, ao vivo, que senhores de escravos havia que eram africanos: pelo menos, mulatos.

Romance libertador, procurando redimir a humilhação escrava e compreender e valorizar o homem africano em geral; organização romanesca equilibrada, a linguagem d’O escravo suporta o confronto com autores mais do que minimamente dotados, com ressalva para os diálogos, demasiadamente retóricos, desajustados à capacidade expressiva dos protagonistas ― mas esse é também um senão que se pode endossar a muitos escritores de valimento da época romântica (e não apenas).

Referência

FERREIRA, Manuel. Literaturas Africanas de Expressão Portuguesa I: Instituto de Cultura Portuguesa, 1977.

A importância da poesia de Alda Espírito Santo, Maria Manuela Margarido e Conceição Lima (LALP)




 Os escritores Alda Espírito Santo, Maria Margarido e Conceição Lima, dentro das Poesias e narrativas de São Tomé e Príncipe, tiveram sua importância enquanto literatos dessa região. Sabe-se que em São Tomé e Príncipe a literatura começa de uma forma dramática popular. O que pode-se entender para com os três autores aqui citados é o destaque à importância da negritude. Isso faz com que os autores deem  alicerce para com a literatura de São Tomé e Príncipe.   

Alda Espírito Santo (n.1926. Em 2009 São Tomé festejou seus 83 anos com festas), que vinha de um percurso em publicações espaçadas de poemas, inclusive no Poesia Negra de Expressão Portuguesa, editada pela Casa dos Estudantes do Império, tem no volume É nosso o solo sagrado da Terra (1978) a reunião de seus poemas. Alda, tanto quanto Francisco José Tenreiro e Marcelo da Veiga, elabora uma obra que vem a constituir fundamento da literatura nacional tomé-princense. Ainda sobre Alda Espírito Santo, segundo Fernando Martinho, “o arrebatado e impetuoso lirismo dessa poesia significa, entre outras coisas, o acentuar dessa marca individual da crença na capacidade transformadora que o sujeito joga numa História em permanente mutação”. (in África, jan-mar. 1979).

Maria Manuela Margarido (1925-2007) põe-se ao lado de Alda, Tenreiro e Veiga, com a mesma direção ideológica e lírica. Autora de Alto Como o Silêncio (1957), volume integrante da coleção portuguesa intitulada “Novo Cancioneiro”, sua poesia “cria a metáfora da esperança, não como mito ou utopia, mas como realidade sentida, física, vivida. [...] O verbo de Maria Manuela Margarido é essa realidade; daí a certeza inscrita no devir histórico: “No céu perpassa a angústia austera/ da revolta/ com suas garras suas ânsias suas certezas” [“Paisagem”. In: MARGARIDO, A. (Org.) Poetas de São Tomé e Príncipe, 1963, p.81].

A demanda pós-colonial se fecha com a poesia de Conceição Lima, “cuja estréia ocorre em livro com a coletânea O Útero da Terra (Lisboa: Editorial Caminho, 2004). Passados dois anos, a autora nos deu seu segundo livro A Dolorosa Raiz do Micondó (Lisboa: Editorial Caminho, 2006).
      
Por Cássio José

sexta-feira, 1 de julho de 2011

DIVULGADA RELAÇÃO DE ALUNOS VENCEDORES DO SPAECE 2010


EM CAMOCIM TEVE ATÉ 
"DOBRADINHA" ENTRE IRMÃOS
A Secretaria da Educação do Estado (Seduc) divulgou a relação de alunos do Ensino Médio com melhor desempenho acadêmico no SPAECE 2010 a serem premiados com um microcomputador. Na região da 4ª Crede, com sede em Camocim, o resultado das escolas, com o número de alunos com melhor desempenho, foi o seguinte: Camocim: Colégio Estadual Ivan Pereira de Carvalho (29), Liceu de Camocim Murilo Aguiar (22) e Escola de Ensino Profissional Monsenhor Expedito da Silveira de Sousa (15). Granja: Escola São José (08). Chaval: Escola Monsenhor Carneiro da Cunha (07). Uruoca: Escola Olímpio Sampaio (10). Martinópole: Escola Murilo Braga (09). Barroquinha: Escola Jaime Laurindo (02). Dos contemplados com um computador, um fato inusitado aconteceu em Camocim. Anannandy Cunha (foto), do 2º ano do ensino médio do Liceu Murilo Aguiar, conseguiu seu segundo computador em 2 anos de Spaece. Enquanto isso, outro ganhador, que  tem muito a ver com Anannandy, receberá seu primeiro computador. Trata-se de Anandrey Cunha, irmão da bi-campeã do Spaece, que cursa, também no Liceu, o 1º ano do ensino médio. Anannandy, além da competência e disciplina, já representou o Brasil na Conferência Internacional Infantojuvenil, realizada em Junho de 2010, em Brasília. Pelo jeito seu irmão quer seguir seus passos. E haja espaço pra tanto computador em casa. Confira AQUI a relação completa dos alunos vencedores do Spaece 2010. Detalhe: A série dos dois alunos citados refere-se ao ano de 2010. 


Camocim online

AS CINCO VANGUARDAS EUROPEIAS




Por Cássio José
           
As vanguardas europeias foram manifestações artístico-literárias que passaram pelo Panorama da Literatura do Brasil e deixaram de certa forma, sua contribuição, no que podemos dizer ruptura da estética até então reinante no nosso país. De acordo com o que se vê por parte dos postulantes da Literatura, foi na Semana da Arte Moderna que essas “estéticas literárias” foram influenciando os pensamentos de alguns literatos brasileiros pela inovação que se pretendia. Aqui, por fins acadêmicos, trataremos das seguintes correntes de estética europeia que em dado momento foi pressuposto para esse pensamento ideológico de Modernismo na Literatura Brasileira (Será?): Expressionismo, Cubismo, Futurismo, Dadaísmo e Surrealismo.  

EXPRESSIONISMO: Surgido em 1910, foi manifestação de povos nórdicos, germânicos e eslavos. Essa tendência expressou a angústia do período anterior à Primeira Guerra Mundial, voltando-se para os produtos artísticos dos primitivos e para as manifestações do mundo interior, expressas no uso aleatório de cores intensas e distorção das formas, como atesta o quadro O grito, do norueguês Edvard Munch.

CUBISMO: Em 1907, Pablo Picasso pintou Lês demoiselles d‘Avignon (As senhoritas de Avignon) e inaugurou o Cubismo. Segundo essa tendência, as figuras, reduzidas a formas geométricas, apresentam, ao mesmo tempo, o perfil e a frente, mostrando mais de um ângulo de visão. No quadros cubistas. A literatura cubista, inaugurada por Apollinaire, preocupou-se com a construção física do texto: valorizou o espaço da folha e a camada significante das palavras e negou a estrofe, a rima, o verso tradicional. Esse seria o embrião da nossa poesia concreta, da década de 50.

FUTURISMO: Essa estética celebrava os signos do novo mundo – a velocidade, a máquina, a eletricidade, a industrialização. Apregoando a destruição do passado e dos meios tradicionais de expressão literária, o Futurismo (tendência que mais influenciou a primeira fase do Modernismo) propunha:

• liberdade de expressão;
• destruição da sintaxe;
• abolição da pontuação
• uso de símbolos matemáticos e musicais;
• desprezo ao adjetivo e ao advérbio

DADAÍSMO: Este foi o mais radical e destruidor movimento da vanguarda européia. Fundado por Tristan Tzara, negava o presente, o passado, o futuro e defendia a idéia de que qualquer combinação inusitada promove um efeito estético. O Dadaísmo refletiu um sentimento de saturação cultural, de crise social e política.

SURREALISMO: Inaugurado com a publicação do Manifesto Surrealista, em 1924, este foi o último movimento da vanguarda, sofrendo influências das teorias de Freud, o Surrealismo caracterizou-se pela busca do homem primitivo através da investigação do mundo do inconsciente e dos sonhos. Na literatura, o traço fundamental foi a escrita automática (o autor deixa-se levar pelo impulso e registra, sem controle racional, tudo o que o inconsciente lhe ditar, sem se preocupar com a lógica.


 Comentário Crítico:
Percebe-se que os literatos brasileiros em algumas escolas literárias (como no Romantismo e Realismo, por exemplo), desejavam mostrar o “verdadeiro” Brasil. E isso, evidentemente, não poderia ser diferente, na nova estética literária brasileira, o que se percebe certa abertura e espaço, bem como sua influência da literatura estrangeira ou de ideologias que vinham de fora. Parece que os autores olham para o Brasil e fazem de sua literatura “palco de manifestações reais” do que realmente o Brasil é expondo as variadas facetas ou realidade do nosso país. Alguns livros didáticos até afirmam que a realidade verdadeira do Brasil era ignorada pela Literatura até então.
As vanguardas como movimentos artísticos, estética literária ou correntes da Literatura Europeia foram resultados ou consequências do que aconteceram no cenário europeu do século XX: problemas políticos, conflitos entre países vizinhos, intercâmbio entre a Primeira e Segunda Guerra Mundial...
A expressão vanguarda pode ser entendida como parcela dos intelectuais que exerce um papel pioneiro, desenvolvendo técnicas, ideias e conceitos novos, avançados, especialmente nas artes. O que havia de comum era nada mais do que conflitos ou debates de uma herança do século passado. É um grito do novo: os padrões da antiga estética literária e artística devem ceder lugar àquilo que estava por vir: O Modernismo. Havia assim manifestações desse “novo” em suas obras e divulgação de novas estratégias formais do tempo.  
Podemos, assim, refletir de uma desestruturação ou falta de uma literatura fixamente ou realmente brasileira. E se assim o é, tem forte influência estrangeira: É então, como se diz da boca de postulantes da Literatura um movimento que expressa pela arte o que é de fato o nosso país em dado momento? Somos simplesmente consequência ou resultado do que acontece lá fora no cenário mundial e reestruturados em um “quebra-cabeça” que na época foi apresentado como “Literatura Brasileira”.


REFERÊNCIAS:
     
  ABAURRE, Maria Luiza; FADEL, Tatiana; PONTARA, Marcela Nogueira. Português: Língua, Literatura, Produção de texto. São Paulo: Moderna, 2004.
 
OLIVEIRA, Ana Teresa Pinto de. Literatura Brasileira: Teoria e prática. São Paulo: Rideel, 2006.