Cássio
José dos Santos Sousa
Graduando
em Letras pela Universidade Federal do Ceará
Instituto
UFC Virtual
Resumo:
Pegando
como pressuposto o livro Nove Noites, de Bernardo Carvalho, publicado em 2002 e
já alcançado consagração; e, as concepções da pós-modernidade, como pano de
fundo para nossa análise, este ensaio busca traçar uma linha de estudo sobre a
polifonia, conceito definido e teorizado por Mikhail Bakhtin. Carvalho trabalha
com a multiplicidade de vozes na construção de seu enredo, de maneira que se
adentre na encruzilhada da estética defendida como pós-moderna e/ou contemporânea.
Quantas vozes ou narradores há na obra mencionada? Realidade e ficção podem
configurar-se nessa estética de maneira que haja uma combinação ou uma delas se
sobressai? E o que dizer da descontinuidade no enredo? Eis aí algumas propostas
que se identificam como características da pós-modernidade. Trataremos aqui, no
entanto, do dialogismo polifônico bakhtiniano em Nove Noites.
Palavras-
chave: Bernardo Carvalho, Nove Noites, Polifonia, Bakhtin.
Ninguém nunca me
perguntou, e por isso também nunca precisei responder. Todo mundo quer saber o
que sabem os suicidas...
Ninguém nunca me
perguntou, e por isso nunca precisei responder que a representação do inferno,
tal como a imagino, também fica, ou ficava, no Xingu da minha infância...
Eu só queria sair dali.
O que estávamos fazendo no meio do inferno, por um trabalho inglório, que seria
engolido em poucos anos?
(Nove Noites -
Bernardo Carvalho)