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segunda-feira, 5 de setembro de 2011

LINGÜÍSTICA DO SÉC. XX: AS CONTRIBUIÇÕES DE FERDINAND DE SAUSSURE


                                                                                                                                 Por Cássio José

Sabemos que Louis Ferdinand de Saussure é considerado o “Pai da Lingüística” por ter utilizado um método sistemático para explicar as línguas humanas. A sua obra, CURSO DE LINGÜÍSTICA GERAL, é considerada uma obra fundadora da Lingüística Moderna. Ela apresenta dois aspectos fundamentais relacionados  á definição da escrita: a inclusão da Lingüística como ciência  e o porquê de seu objeto de estudo.

Para ele (Saussure), signo lingüístico é uma entidade psíquica de duais faces. No caso é a associação entre um SIGNIFICANTE e um SIGNIFICADO. Aquele seria como que a imagem acústica. E este o conceito. Podemos dizer que é o que se pensou a respeito de algo e o que se escreveu sobre esse algo pensado. Sabemos que a escrita não demonstra realmente a idéia do objeto pensado. Quando se diz, por exemplo, a palavra BOI, aquele que não sabe ou tem pouca noção de escrita, pode pensar em escrever uma enorme quantidade de letras pelo fato de que o ‘boi’ é um grande animal. Porém a palavra boi só tem três letras. No caso se eu, por exemplo, como professor de Alfabetização de Jovens e Adultos, pedisse pros meus alunos escreverem a palavra FORMIGA, muitos deles com certeza, escreveriam poucas letras pelo fato de que a formiga é um pequeno animal. Saussure, no explica entanto, que o nosso cérebro tem toda uma capacidade de “radiografar”, expresso-me dessa maneira, essa imagem acústica todas as vezes que se fala a palavra boi ou formiga por exemplo, ao animal que se é. Por tanto existe essa dupla faceta que é o significante e o significado.
o signo lingüístico seria então assim expresso:
SL= SIGNIFICADO+SIGNIFICANTE.      

Saussure usa dois termos: Plano de Conteúdo e Plano de Expressão. O primeiro seria a idéia que forma na nossa mente e o segundo seria justamente os sons que formam a palavra dessa idéia. Ou seja, o significado e o significante. Outra característica é que o signo lingüístico é um acordo livre entre os homens. Ele chama isso de arbitrariedade. Podemos assim concluir que cada cultura tem a sua maneira de estruturação dos signos lingüísticos. O texto assim expressa: “O princípio da arbitrariedade do signo, que é o primeiro princípio enunciado por Saussure e, segundo ele mesmo, o de primordial importância na área lingüística, não estaria, portanto, relacionado com a conexão do signo com o mundo, com a coisa do mundo real designado pelo signo”.
Ele também nos diz que o signo linguístico é articulado e, ao mesmo tempo, linear. Articulado pelo fato de que ele pode se decompor em partes menores que são os fonemas.
FONEMA E LETRA
Fonema é a unidade mínima sonora que é capaz de estabelecer diferenciação entre um vocábulo e outro.

Ex: bola / bota.

Como se vê a diferenciação entre as duas palavras acima é marcada pelos fonemas /l/ e /t/.

Fonemas e letras apresentam conceitos distintos:

- fonema é a representação sonora;

- letra é a representação gráfica do fonema;
Numa palavra, nem sempre há o mesmo número de letras e fonemas.

A palavra táxi, por exemplo, possui:

- quatro letras (t-á-x-i)
- cinco fonemas (t-á-k-s-i)

A palavra hora possui:

- quatro letras (h-o-r-a)
- três fonemas (o-r-a)

Na palavra canta temos:

-cinco letras (c-a-n-t-a)
-quatro fonemas (c-ã-t-a)       
Veja: BOLA= fonemas: b/o/l/a/ (considerando os sons). Letras: b-o-la (considerando a grafia dos sons). Da mesma maneira a palavra bota.
Percebe-se também que os signos se organizam uns após os outros. Mpor isso é de, linear.
Alguns estudiosos da língua afirmam que existem DICOTOMIAS, que significa “divisão em partes iguais”. São quatro dicotomias presentes na teoria de Saussure acerca da linguagem:
1.      SINCRONIA X DIACRONIA: Embora Saussure defendesse a perspectiva sincrônica no estudo das línguas, ele reconhecia a importância e a complementaridade das duas abordagens: a sincrônica e a diacrônica. A descrição sincrônica analisa as relações existentes entre os fatos lingüísticos num estado de língua; os estudos diacrônicos são feitos com base na análise de sucessivos estados da língua. O estudo sincrônico sempre precede o diacrônico. Para explicar, por exemplo, como o pronome de tratamento Vossa Mercê se transformou até assumir a forma atual Você, pronome pessoal, é necessário comparar diferentes estados de língua previamente caracterizados como tais e observar as mudanças que ocorreram na expressão sonora e no uso.
2.      LÍNGUA X FALA:  Na dicotomia língua versus fala, Saussure separa os fatos de língua dos fatos de fala: os fatos de língua dizem respeito à estrutura do sistema lingüístico e os fatos de fala dizem respeito ao uso desse sistema.  Na sua visão, a dicotomia língua versus fala é pertinente à medida que os fatos de língua podem ser estudados separadamente dos fatos de fala. Contudo, ele não deixa de considerar as interferências entre os dois tipos de fatos quando se aponta para as diferenças entre um fato de língua e um fato de fala. Saussure considera que uma mudança no sistema pode advir de fatos de fala (1969:27), como as mudanças de produção de sons que ocorrem na fala e alteram o sistema fônico. Só são pertinentes para o estudo do sistema da língua quando interferem diretamente nas relações internas entre seus elementos.
3.      SIGNIFICANTE X SIGNIFICADO: Ao afirmar que a relação é entre significado e significante, a relação entre as coisas do mundo e as palavras deixa de ser considerada na definição de uma língua. O mundo e suas coisas passam para um domínio que está fora dos estudos lingüísticos e a língua ganha uma especificidade própria. Um significante e um significado formam um signo que, por sua vez, é definido dentro de um sistema, ou seja, um signo ganha valor na relação com outros signos. Esse conceito de signo traz a significação para dentro da língua e de sua estrutura. O que significa são signos em suas relações uns com os outros e não a relação entre as palavras e as coisas do mundo.  
4.PARADIGMA X SINTAGMA: estabelece-se a dicotomia paradigma versus sintagma, na qual se definem, respectivamente, as relações de seleção e as relações de combinação entre os elementos lingüísticos. Tanto na frase, em nível sintático, quanto na palavra, em nível morfológico, podem ser determinadas relações sintagmáticas e paradigmáticas. Em uma representação gráfica, costuma-se colocar o sintagma como um eixo horizontal e o paradigma como um eixo vertical. Na frase João ama Teresa há um eixo horizontal sobre o qual se dispõem os elementos lingüísticos combinados em um sintagma, e há eixos verticais, para cada posição do sintagma, sobre o qual se dispõem os elementos lingüísticos que podem, por meio de relações paradigmáticas, ocupar essa posição.
Posso concluir que Ferdinand Saussure no que diz respeito aos seus estudos acerca da linguagem, representa um marco histórico nas pesquisas lingüísticas. Destaco também que segundo Orlandi (1986), a lingüística tem quatro disciplinas e/ou componentes que correspondem a quatro níveis de análise: a fonologia (que se ocupa das unidades sonoras), a sintaxe (que estuda a estrutura da frase) e a morfologia (que estuda as formas das palavras) que, juntas, constituem a gramática; e a semântica (que estuda os significados).   

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