Por Cássio José
Universidade Federal do Ceará - UFC
Início
de Conversa
Se
considerarmos as orientações dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs)
alinhadas aos estudos da Linguística Aplicada, além, é claro, dos apontamentos
dos pesquisadores em Educação, só há espaço na escola para o ensino produtivo.
Você, ao ler essa assertiva, já deve ter encontrado várias razões para justificar
esse posicionamento, então, para refletirmos, vamos discutir acerca de algumas
questões.
É
papel da escola fazer com que os discentes tornem-se cidadãos críticos e
conscientes, tendo tanto as competências e domínios do saber quanto postura
autônoma e crítica no meio social. Logo na Introdução aos Parâmetros
Curriculares Nacionais encontramos o seguinte:
O propósito do
Ministério da Educação e do Desporto, ao consolidar os Parâmetros, é apontar metas de qualidade que ajudem o aluno
a enfrentar o mundo atual como cidadão participativo, reflexivo e autônomo,
conhecedor de seus direitos e deveres.
No entanto, o que se percebe quanto ao tratamento
das modalidades da oralidade e da escrita, é um pesado investimento nesta em
detrimento de estranheza daquela, desprezando-a nos âmbitos escolares no que
diz respeito a seu tratamento como interação social.
Escrita
versus Oralidade
É
atribuição do Profissional da Educação não somente levar conteúdos
programáticos para seus alunos, muito embora isso já seja muito complexo por
motivos muitos. Um deles, pode ser o surgimento e discussão expandida das novas
concepções teóricas e metodológicas que se levantam na modernidade. Mas,
coexistente a isso, o docente deve proporcionar, através de suas aulas, momentos
de aproveitamento a se provocar habilidades e competências além-escola. Por tano, deve haver uma formação integral:
conhecimento intelectual unido à formação pessoal e social do aluno.
O ato de ler se configura num conjunto de
habilidades e conhecimentos linguísticos e psicológicos, estendendo-se, desde a
habilidade de decodificar palavras escritas, até a capacidade de compreender
textos escritos. Não são categorias polares, mas complementares: ler é um
processo de relacionamento entre símbolos escritos e unidades sonoras, e é,
também, um processo de construção da interpretação de textos escritos.
Tal como a leitura, também a escrita, na
sua dimensão individual, é um conjunto de habilidades e conhecimentos linguísticos
e psicológicos, não só numerosos e variados, mas radicalmente diferentes das
habilidades e conhecimentos que constituem a leitura.
Assim sendo, as habilidades e conhecimentos
de leitura se estendem desde a habilidade de decodificar palavras escritas e da
capacidade de integrar informação obtida de diferentes textos, até à habilidade
de, simplesmente, transcrever sons ou à capacidade de comunicar-se
adequadamente com um leitor em potencial. E, tal como foi afirmado com relação
à leitura, também aqui não são categorias polares, porém, complementares:
escrever é um processo de relacionamento entre unidades sonoras e símbolos
escritos e, ainda, um processo de expressão de ideias e de organização do
pensamento sob forma escrita.
Os vários estudos da linguística
demonstraram que existe uma enorme distância entre os modelos de língua,
praticados socialmente, e a norma culta inserida na escola. No interior da
escola há uma verdadeira neurose normativista que, incorporada pelos
estudantes, vai acompanhá-los pela vida afora, dificultando-lhes o trânsito
autônomo nas práticas sócioverbais mais complexas.
Sabendo disso,
queremos discorrer aqui a discussão de que há um estranhamento no tratamento
entre a escrita e a oralidade. As competências e modalidades da oralidade e
escrita são propostas de maneira dissociada de seus usos. Há um destaque para o
trabalho da escrita e desvalorização para com a oralidade, deixando-a no
esquecimento.
Isso pode
provocar a formação de cidadãos incapazes de usar as duas habilidades no
contexto social.
Por
que não mudar?
A
proficiência no uso da linguagem é um processo que dura por toda a vida, sempre
haverá espaço para o aprimoramento da competência comunicativa.
O professor deve fazer com que seus alunos percebam que
ambas são importantes no contexto social. Por tanto, deve trabalhar as duas
modalidades de maneira que seus alunos sejam envolvidos em atividades em que
haja conjunção tanto da oralidade quanto da escrita. Uma está em detrimento da
outra. Para isso, pode rever sua metodologia em sala de aula e critérios de
avaliação.
No âmbito social o aluno formado tornar-se-á um cidadão
crítico e consciente, sabedor de seus direitos e deveres. Em cada situação
comunicacional terá um posicionamento maduro e eficaz.
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